quinta-feira, 22 de novembro de 2007

25 anos PJ's

Pessoal, segue abaixo carta que o Pe. Hilário Dick, o guru da juventude, escreveu sobre os nosso 25 anos.

18 mil jovens festejam sua história

21/11/07 14:16
Hilário Dick

Ontem, 18 de novembro de 2007, estive na celebração dos 25 anos das Pastorais da Juventude de Santa Catarina, em Ituporanga, no Parque Nacional da Cebola, no interior do Estado. Ao lado de 18 mil jovens - segundo o policiamento e os encarregados do uso do Parque - 3 bispos e 32 sacerdotes, no momento da Eucaristia. Fui com a Raquel, o Fabrício e a Cátia, experimentando a saliva com vontade ver o que seria. Foram 7 horas de viagem de ida e de volta, falando bem e mal de muita gente, discutindo várias coisas. Fomos e voltamos felizes. Todos diziam que ia chover e Deus nos presenteou com um dia lindo, sem sol e sem chuva.

Tentei ver muita coisa: uma infra-estrutura de invejar, o apoio da comunidade local, da prefeitura e de todo o pessoal das coordenações de todas as dioceses. Não faltou uma diocese. A diocese de Chapecó, a mais longínqua, veio com a maior delegação, transpirando ainda beleza do que foi a “Jornada da Confiança” que celebraram um ano atrás. Foi de arrepiar vendo a gurizada celebrando com uma liturgia bonita, com uma animação muito boa, cantando de tudo, até aquelas coisas que há tempo não mais se ouvia. As várias “oficinas” funcionaram apesar de o "transformador" ter queimado no final da Eucaristia e termos ficado quase uma hora sem energia.

Muita gente... Encontrei muita gente conhecida e outros que tive que "recordar" porque não me lembrava do nome, do local, só da fisionomia – assim como acontece com gente mais vivida. Em casa meus companheiros de comunidade se admiravam: “18 mil? Organizado por quem?” E eu dizia, cheio de orgulho: “Pela gurizada...” E não era mentira. De fato, impressionante o modo como as tarefas estavam distribuídas, cada qual sabendo o que tinha que fazer. Pareciam aquelas formigas carregando sua trouxa na direção certa. Mesmo se chovesse, o espaço coberto era tão grande que ninguém se molharia. Ituporanga fica na diocese de Rio do Sul, de Dom José Balestieri, sendo substituído, em breve, por um bispo castrense.

Bom mesmo, o encontro! Minhas entranhas se retorciam, de vez em quando vendo aquela multidão. Se retorciam porque me perguntava muitas coisas e me alegrava com muitas outras mais. Arrepiei-me com a maneira com que recordaram a história. Parecia o povo de Deus contando e repetindo o que Deus fizera com ele, na caminhada. Não chorei porque sou um bobo grosseiro quando vi que não esqueceram o jovem Tonho, da diocese de Joaçaba, falecido quando voltava de atividade missionária...

Uma coisa que me fez refletir, também, é que vi (se estou enganado, melhor) que, depois da Eucaristia, lá pelo meio-dia, não vi mais nenhum bispo e bem poucos padres, incapazes de se sentarem por aí, curtindo um pastel ou um cachorro quente com a gurizada... Junto à rapaziada que não conheciam, mas que sabiam que eles eram "pastores". Como seria divino ver bispos comer pastéis no meio da rapaziada, sentado em tocos que não existiam.

A média de idade da gurizada não era tão baixa, como imaginava. Pelos 16 para os 17 anos... O “Setor Juventude” que anda na cabeça de nossos pastores como mosquitos que incomodam, será capaz de fazer algo semelhante, com a gurizada falando de "direitos", de lutas, de compromisso com o povo – assim como vi em Ituporanga? Vi lideranças assumindo com firmeza e simplicidade. Não vi discussões de “belezas”... Isto é, “sou mais importante e mais bonito que você”... Foi um dia de lavar a alma. Os 25 anos estavam na boca de muita gente, não só dos organizadores. Nas canções, nos gritos, nas danças... Não vi, infelizmente, "movimentos" com suas camisetas alegrando-se com essa juventude festejando 25 anos. De fato, era uma celebração das "pastorais", mas a festa era da Igreja. O que os teria impedido de participar desta festa juvenil, com jovens organizados procurando ser Igreja?

Impressionou-me o espírito de religiosidade e de participação. Aquele espaço enorme sempre esteve povoado de corações dispostos a cantar e a pular e a cantar o que sabiam e o que não sabiam. Tive que convencer-me que ainda há jovens que estão nas comunidades e cheiram à coletividade. Sábado à noitinha, antes da festa, houve celebração com a comunidade local. Lindo de morrer, com a Elena falando coisas ternas para aquela gente que a olhava e quase não a via com seu corpo pequeno, mas com uma alma do tamanho de Santa Catarina. Uma pergunta que gostaria de formular para Dom José, bispo da diocese de Rio do Sul, local da celebração, é: querido bispo,por que V.Excia. não teve a inspiração de falar, para aquela comunidade. dos 25 anos das PJ´s? Só no finalzinho da missa, muito rapidinho, V.Excia fez uma mençãozinha. Por quê?

Vendo 18 mil jovens gritando que querem ser igreja, porque nossos pastores (não todos) começam a ter vergonha de falar de Pastoral da Juventude? Vergonha de falar do que eles mesmos escreveram e aprovaram? Mas... apesar disso, foi um dia lindo! Parabéns para a juventude de Santa Catarina.


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Quem foi, foi, quem não foi, perdeu.

Abração

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